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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Tauromaquia- por Manuel Graciosa




As corridas de toiros ou touradas são uma arte, são uma forma de cultura, são espetáculos que transmitem valores de camaradagem, coragem, entreajuda e solidariedade e nunca deverão ser abolidas. Uma corrida de toiros é um espetáculo, no qual se lidam toiros bravos, os seus protagonistas, a pé e/ou a cavalo. Este tipo de espetáculo sempre foi predominante na Península Ibérica. De referir que a Tauromaquia é considerada Património Cultural Imaterial pela Unesco
Segundo o único Estudo Opinião sobre Touradas profissional, levado a cabo, em 2011, pela Eurosondagem em todo o país de Portugal, 86.1% dos cidadãos portugueses não quer qualquer abolição de corridas de toiros, sendo que desses 86.1%; 32.7% são aficionados e 20.6% são indiferentes, 32.8% não são aficionados mas também não são contra a prática de touradas e também que apenas 11% são a favor da abolição das mesmas. Este estudo revela ainda que quase 60% da população portuguesa pensa que este tipo de espetáculo contribui para a boa imagem do país no estrangeiro, 75% pensa que é importante para a economia do país, este estudo revela ainda que mais 65% da população acha que seria muito grave o desaparecimento desta tradição que faz parte da cultura nacional.
Um exemplo da solidariedade presente na tourada pode ser dado através do antigo matador de toiros português José Luís Gonçalves que sofreu uma queda aparatosa no programa de televisão da tvi “ Dança com as Estrelas “ e levantou uma grande onda de apoio, tal como o antigo forcado do Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita, Nuno Carvalho ”Mata”, que ao fazer uma pega a um toiro sofreu ele também uma queda que, infelizmente, o deixou paraplégico e teve um tão grande apoio que, após uma tourada de beneficência angariou mais de 100 000 euros!
A corrida de toiros é, em Portugal, vista por muita gente, as 3 corridas transmitidas pela RTP1 juntaram mais de 1,5 milhões de pessoas. Curiosamente mais telespetadores que o número de votantes do Bloco de Esquerda, o partido político que mais luta tem dado à continuidade da corrida de toiros em Portugal. No entanto para os anti taurinos ninguém vê as corridas de toiros que passam na televisão…
As manifestações efetuadas em frente a praças de toiros deviam, na minha opinião, ser proibidas, visto que não respeitam, em termos constitucionais, a liberdade de escolha de cultura nem o direito de recriação da mesma, assim como, em termos pessoais, não respeita o direito/liberdade de educação de um filho(a). Os anti taurinos têm atitudes que me indignam como incidentes como invasão de praças de toiros, várias tentativas de sequestro de toureiros e até incêndios em praças de toiros causados por estes mesmos anti taurinos, também a tentativa, ilegal, de proclamar Viana Do Castelo “Cidade Anti Touradas” e comprando a praça de toiros da cidade, com dinheiros públicos, deixando-a depois ao abandono, o que revela que são hoje uma ameaça à liberdade, à democracia e ao estado de direito.
A tauromaquia é arte, que apenas que percebe consegue apreciar como é suposto, daí que, na minha opinião, isto seja mais uma razão para a existência de anti taurinos, o toureiro é um homem de outro universo, que dá a vida pela arte que cria. É tradição, que faz parte de Portugal há mais de 400 anos, mas é, sobretudo, CULTURA PORTUGUESA!
 Uma especulação que faz com que todos os denominados anti taurinos fiquem muito indignados, é o facto de se ter dito que o Estado subsidia a tauromaquia, pois, só para esclarecimento, está errado, o Estado subsidia, sim, os criadores de gado, e visto que gado bravo é, como se percebe pelo nome, gado, o Estado dá um subsídio ao criador de gado bravo da mesma forma que dá ao criador de gado manso; “-Não existe qualquer apoio que seja atribuído especificamente aos touros de lide, dado que, por um lado, os animais machos não usufruem de qualquer apoio direto e, por outro lado, a raça brava de lide não recebe qualquer apoio que a diferencie das outras raças autóctones” - Ministério da Agricultura, do Mar e do Ordenamento do Território.
Em defesa da tauromaquia como dizia o génio artístico Frank Sinatra: “Nothing but the best is good enough for me” “I like to see bullfights in the sunny old Spain” ou como dizia também António Lobo Antunes: “Os toureiros são como Poetas”.
Segundo os anti taurinos a corrida é “uma diversão bárbara do homem pré-histórico”, pois, isto é para eles a tauromaquia… no entanto se fizermos apenas uma pequena comparação do toiro bravo a uma outra raça qualquer de gado bovino. Podemos, então, verificar que:
Um animal de outra raça bovina vive menos de um ano e meio, sendo que um toiro bravo vive, geralmente entre 4 a 5 anos, sendo que lhe é dada a oportunidade de viver até ao fim dos seus dias.
Um animal de outra raça bovina é afastado da sua mãe à nascença e é toda a sua vida alimentado com o objetivo de engordar o máximo para ao 1 ano e meio/2 anos ser morto, depois de uma vida passada numa cerca com muito poucos metros quadrados e a comer sem parar.
Um toiro bravo passa os seus dias no campo aberto, com a sua mãe e todos os outros animais pertencentes à ganadaria até aos seus 4/5 anos, sendo que são, nessa altura, selecionados para corridas de toiros, e, se o júri da corrida ou o ganadeiro gostarem muito das características do toiro, podem escolher indulta-lo, ou seja, poupar-lhe a vida, se isto não acontecer o toiro morre após uma vida de “rei” dos campos, onde está no seu habitat e a fazer o que gosta. O toiro bravo é o único animal de raça bovina ao qual é dada a oportunidade de viver até ao fim dos seus dias.
Podemos então concluir com esta comparação que a tourada não é essa “diversão bárbara do homem pré-histórico”. De referir também que a não existência da corrida de toiros poria fim à raça do toiro bravo e levaria à sua extinção.
O toiro bravo é uma raça sem interesse comercial para outras atividades onde existem raças mais produtivas. A Tauromaquia é também uma atividade que preserva milhares de hectares de montado com sistemas de produções de bovinos dos mais sustentáveis e com maior bem-estar animal em todo o mundo. Com efeito, em três ou quatro anos de vida do touro, este apenas sofre cerca de 12 minutos, o tempo que dura a lide. O resto do tempo, não há animal que viva junto do homem que tenha vida que se lhe compare. Vive em liberdade, em estado selvagem, inteiro. Intimamente ligado aos Touros existe também o desenvolvimento e apuramento dos Cavalos Lusitanos.
 Muitos dos que gritam pelo fim das Touradas não fazem ideia do que é um Touro e do que lhe dá ganas de viver. O Touro anseia pela confrontação e sente-se confortável na luta. É um animal agressivo que sente prazer na lide.
Um outro argumento extremamente utilizado pelos anti taurinos é o argumento de que a tourada é uma tortura e do sofrimento, pois bem… O toiro é um dos animais na Natureza com maiores níveis de endorfinas e adrenalinas no seu sistema o que leva a que a sua sensibilidade à dor seja extremamente reduzida em alturas de stress comparativamente a outros animais. O facto de os níveis de stress do toiro atingirem o seu pico máximo durante o transporte, em que estão confinados em espaços exíguos, e baixarem significativamente durante a lide demonstram como é um animal que se sente bem na luta. A sua bravura suplanta em muito o seu sofrimento porque a sua fisiologia assim o permite. Exigem estudos científicos rigorosos dos quais resulte a conclusão de forma inquestionável que os animais, e em particular o toiro, sentem, como o fazem e em que circunstâncias.
Porque é que aqueles que se insurgem contra as touradas não se insurgem contra o sofrimento e más condições de vida das galinhas, porcos, vacas, peixes, que comem tranquilamente sem problemas de consciência? Porque não se preocupam com os cães e gatos abandonados que são um flagelo no nosso país? Ora, os defensores dos direitos dos animais fariam melhor em preocupar-se com os valores civilizacionais que transformaram a vida de certos animais domésticos num espetáculo verdadeiramente degradante do que com as touradas que enobrecem e perpetuam a vida dos touros bravos, proporcionando-lhes uma vida de fazer inveja à dos seus primos bois.
Já para não falar nos empregos que a tauromaquia gera, visto que é uma atividade, ou melhor dizendo, espetáculo autossustentável, que cria riqueza para o país sem qualquer ajuda financeira do Estado. Se a tauromaquia fosse abolida, haveria, com certeza, graves consequências económicas para o país.
Outro argumento usado assiduamente por anti taurinos é o de que a tauromaquia influencia o comportamento das crianças e dos mais jovens, no entanto muita gente é aficionada desde tenra idade e não é por isso que são pessoas mal formadas, mal-educadas, agressivas ou perigosas para com os outros ou animais.
Os anti taurinos atribuem aos animais características humanas para despertar proximidade e identificação confundido o que são pessoas e o que são animais. Com esta atribuição de características ao toiro deixam de o ver como o animal que é com necessidades, comportamentos e reações psíquico-físicas distintas das de um ser humano.
E por todas estas razões eu digo sim às touradas e defendo a minha cultura, identidade e a liberdade, e apelo também a todos os aficionados que mostrem a vossa defesa intransigente da Cultura Portuguesa, Cultura de Toiros.

Manuel Graciosa.

Foto:D.R. (arquivo)